domingo, 7 de fevereiro de 2010

[Na teia da predadora]

Hoje ela chegou de mansinho
Discreta
Reservada
Meus olhos percorreram aquela tez parda
O semblante modesto estampado no rosto
Óculos na face circunspecta
Vestido ajuizado de moça “direita”

Inocentemente, confiei no meu domínio
Poder sobre a mente dela
Minha lascívia, sonhei, era sem paralelos
Vou corrompê-la
Perverter
Adulterar
Chocar
Mostrar este outro mundo que ela não conhece
Vou tê-la submissa à minha libertinagem

No meu anseio incontrolável por prazer
Motivado pelas chamas que tomaram corpo e mente
Abati minhas garras perversas sobre a mente da presa
Uma proposta lancei, em minha concupiscência
Aguardando a óbvia recusa daquela idéia suja
Mas a reveladora sagacidade do sorriso desvendado
A malícia arrebatadora daquele olhar de meretriz no cio
A partir dali eu sabia
Deixei de ser caçador, virei caça
À mercê da libido de uma fêmea irreprimível

De posse de minha mente
Senhora dos meus desejos
Ela me pôs entorpecido
Ludibriou mais uma vítima
Deixou a outra enganada
Julgando que era a única em sua teia
Colocou-me na posição de voyer
Usou a nós dois como objetos
Reféns daquela obscenidade
Consumidos pelo gozo violento
Vê-la se divertindo às nossas custas
A inocência cândida da outra, iludida
E o meu choque, notando do que ela foi capaz
Gravando à ferro e fogo em minha memória
A devassidão daquele gesto

Um comentário: