quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

[a entrega]

No infringível silêncio do meu quarto
No mundo fechado que eu criei pra mim
Acreditei na permanente solidão

Até descobrir a doçura do teu sorriso
A afeição articulada nas tuas palavras
A hipnótica profundidade dos seus olhos
Até você me devorar por dentro
Me escravizar com tua lascívia voraz
Me dominar com o seu desejo de me ter
E me extasiar com teus apelos

Não estava preparado para essa entrega
Mas seu carinho não me dá alternativas
Nem a distância separou nossa paixão
Nem a dúvida cerceou nossas confidências

Não sou mais dono de mim
Entrego-me na volúpia da minha libido
E na inabalável solidez de minha ternura
Molde-me a seu bel prazer
Te aceito em meu microcosmos
Sem ressalvas nem concessões

[cabelim de Mel.]

O menino pulava, corria
Ao subir a árvore do bem
A cada raio solar que iluminava seu rosto, fazia sentir-se um Rei
Suas gargalhadas contagiavam a quem cruzasse
A candura cortava léguas
De longe a sintonia fluia
Estar perto na natureza lhe faz bem
Suas energias se renovam.
O amanhã é a espera de uma nova alegria
E a renovação da esperança de que sonhos são verdades
De que tudo vai ficar bem
e que felicidade não te preço.
A água, o som dos pássaros, o vento levava seus cabelos
E deixava a certeza de que ser criança é a melhor coisa do mundo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

[a voz]

Como um sonho sem face
A voz da poesia brota em mim
Emudece-me
Quando dizes que me queres
Fecho o olhos
Sei que estás aqui
Como o Sol
Que queima ao tocar-me
Meu corpo incendeia ao pensar em ti
Um desejo pulsante
De tê-lo aqui
Ou de ir até você
Ver em seus olhos a serenidade
De seus lábios sugar o néctar
E cobrir-me com sua voz doce e suave ao dizer-me: vem...
A noite nos vela
E nos leva além que possamos entender
O que queres de mim, é o que posso te dar.
Fugir não quero.
Aceito-te também.
Meus olhos se entregam
Dou-te o beijo
Digo boa noite
E sigo feliz.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

[ningúm]

No balanço do mar
A brisa das boas vibrações
Os bons ventos trazem o que eu quero dizer
O que eu quero sentir
A menina desbotada se foi
Eis-me aqui, furta cor!
A mais lúcida das figuras
Que destoa da ilusão
Pela confiança que me faz fluir
São as verdades
Essa sinceridade
A cada mergulho, a redescoberta
O prazer de te ter
E que me faz sentir
Sou você e você sou eu
Um único tom
Um ímã virtual
Um bem querer, sem saber porque
Apesar do ego
Há vontade de te ter
Sentir seu som
Degustar teu cheiro
Tatear você
Entregar-me a ti
Voltarmos a ser um só
Como outrora quiseram nos tornar.

domingo, 17 de janeiro de 2010

[índia]

Nem bem a vi e nem tão pouco a conheço,
mas sei que sabes de mim, em algo que escrevo e descrevo.
Sua silhueta numa foto só mostrando seu sorriso
seus cabelos negros como os de nossos ancestrais índios.
Sua mente às vezes brilha
suas palavras são conscientes
e eu só queria ser índio também e sentir como você sente.
O calor de nossos irmãos espalhados pela natureza.
as tribos nos jardins do coração
e onde quer que estejam
são o povo do criador, são a majestosa beleza
e você é india...
dona dessa natureza
e da pele que desejo nos meus braços...
pele que desejo com carícias em pensamento,
sou eu vão ou vago em meu cortejo
mas verdadeiro quando tento
descrever algo que não vi completamente...
mas do pouco que me vem a mente
já cabe dizer que me contento.
Sei que em algum lugar, você olha pela janela
e vê a noite pairar
nisso a lua também a vê
e toca sua pele,
iluminando onde quero eu tocar
resplandecendo o que é tão seu...
como identidade tatuada,
na cor imaculada
do seu brilho ancestral
pela noite iluminada...

17.01.2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

[liberdade]

Venho de um lugar escuro
onde as palavras são ralas e o vazio quase sempre reina.
A paz do silêncio de fato reflete o velar de uma guerra,
uma foto fria de sorrirsos emoldurados na monocromia desse quadrado.
Meu som eclode no isolamento acústico de minha solidão.
Está impregnado em mim
em minhas raízes e em meus passos.
Meus pulsos amarrados tentam se soltar.
Mas a prisão perdura, perdura, perdura.
Sem fim.

[sunshine]

Sou feita de pó
Ao simples sopro me perco ao ar
Divido-me ao invisível, ao imperceptível
Como sou diante seu olhar
Por mais que lhe grite
Não me vê
Não me sente
Não me quer
Acabou
Desbotou
Amargou
O sino não mais badala
Somente a sombra me abraça
Foste tu
Ao negar-me um beijo
consigo levou o calor que fazia essa Flor sonhar
ao buscar você.