sábado, 27 de novembro de 2010

Dos dias curtos que tenho
Esse foi o mais longo
O que mais estava perto
O que mais te senti distante.
O carro estacionado
À espera do chá
Olho pelo retrovisor
Alguém passando
Ao fundo vejo o pôr-do-Sol, afogando no Parnaíba
Aplausos...

O mais lindo presente que pude receber hoje.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um dia quente, ensolarado
Um céu azul
De onde estou
Vejo apenas pés
Que passeiam pelo corredor
Num vai-e-vem sem fim
A pressa do dia deixa rastros
Anuncia que a hora se termina

Tic tac, tic tac

De repente, o tempo fecha
Um leve sabor de chuva paira
Olho pela janela
Apesar das grades
Me sinto feliz.

Retomo às letras
mas me falta inspiração.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

[ontem à noite]

Hoje, ofereceram-me a Lua
Delicadamente, aceitei
Deitei-me ao relento e embebi-me com o singelo véu fluorescente que abraça o céu

Festejei sob seu manto
Tantas vezes, declarei-me apaixonada, ajoelhada a ela
Hipnose

Saí correndo à esmo
Em busca da tua escada
Subir, voar, chegar a ti
Gritar aos ventos
Até o Sol se enciumar
O quanto me fascinas

Despertou-me para o Adeus
Beijou-me frio
Como quem banha no orvalho do novo dia

Apenas ri
: Adeus.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Insônia
Incenso
Insesato amor
Incessante busca por caminhos incertos
Cálida, náuseas
Meu tempo ensolarado que nunca passa
Dores no corpo
Tua vida me exala
Insana
Ressacada das noites que nunca vêm e se vão
A mente bóia num copo de conhaque
Bêbada nos porquês
Outro beijo, teu calor me chama outra vez
É chama que arde e que vejo!
É ferida que doi e que sinto!
É descontentamento por estar descontente
Sem nexo
Anexo
Desconexo
Cem sexos
A alma nua à mercê do azar
Eu te bebi devagarzinho, te saboreando
Você encheu-se a cara feito whisky
Vomitou-me e esqueceu-me
Que tontura...
Que tortura!
Só minha alma Sente
Só meus olhos provam
O gosto acre da derrota
Ao tocar a insipidez dos seus lábios

[na chave]

Entro no meu quarto
Travo a porta
Pego minha caixa de Pandora
Lá estão todos os meus segredos
Meus mortos e meus medos
Abro-a
Mas não as deixo sair,
Assim, todos saberão quem eu sou
Penetro-a
Embalo no mesmo frenesi de casa sentimento que ali reside
Passeio entre lembranças
Aconchego-me nas saudades
Permito-me, entrego-me, fascino-me
Até que sufoco-me naquilo que tinha esquecido
Meu barco na maré alta
Seu vulto insosso
Tua imagem salobra na minha língua
Dou dois passos para trás
A escuridão me suga
E me vejo presa
Entre linhas e aviamentos
Correntes e correntezas
Até que emerjo de volta ao quarto
Olho à volta, nego as paredes
Pensando estar tudo bem
Tranco a caixa
E retorno aos meus pesadelos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

[sol sem lua]

Tenho trocado a vida
O samba pelo rock
O real pelo carnal
As noites pelos dias... nem se falam

Tenho trocado os quadrados
Penso até em trocar você
Isso!
Trocarei o chip do meu coração

Uma partitura virgem
Para sonorizar as noites
E as madrugadas também
Por que não os ocasos e os ósculos?
Que espero salivando
Enquanto absorvo o mal que escorre pelo canto esquerdo da sua boca
:
É a culpa!
De tentar dizer Adeus, sem saber dar tchau
E as setas indicam:
Prossiga, moça.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um ronco na barriga
Um estalo de tesão
Estou com fome de sexo.
O desejo formiga
Sobre à pele de forma fulgaz
Quando tento não pensar
A lascívia me domina
Presa na vontade
Solta na leda
Um baseado e um filme erótico na TV
Fumo o tesão
Mas queria mesmo era laricar você
Chupar até os ossos
Degustar cada curva
Transitar entre a gula e a luxúria
Pecar em vermelho
"Os meus olhos pegando fogo"
Pra disfarçar, um incenso
Mas não adianta
Exalo o cheiro do cio
Que combinado aos meus sorrisos
Denunciam ao mundo:
"Tô a fim de transar."

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cavalo selvagem

Minhas mãos afundaram-se nas grinas
E quando avançou para mim a lufada de ar
No galope branco
Meus dedos partiram-se dos teus pêlos
E eu aérea sobre a terra contemplei
Pendendo como uma Flor de Papel
Despetalada sobre teus flancos
Amarrotada sob tuas patas
Os vincos como versos
Acomodarem-se nas mãos do poeta.

[Paula A.]

[improdutividade]

Quisera eu pensar em poesias agora
Mas poesias dessas, sabe?
De casais apaixonados
Frufrus enamorados
Coisas de "nhenhenhem", saca?
Só que meu futuro é escuridão
Os passos estão incertos
Meu rio não tem onde desaguar
É a dor
O pesar
O luto!
Sim, meus sonhos estão de luto
Condolências ao meu coração
Há muito só se pinta de negro
Em estado de putrefação
Mas que droga!
Não consigo pensar azul
...
Já se passaram 15 minutos
E esse verso ainda cheira à monocromia:
"- Que se passa?
- Oras, é a ilusão...
- Por que não desenganar?
- Porque não se volta atrás de palavras ditas e lágrimas caídas...
- Verdade..."

Tranco o baú, espero pelo amanhã
Quem sabe eu não morra.

domingo, 7 de novembro de 2010

[tudo o tempo todo]

Abro portas
Fecho olhos
Bato gavetas
Um alucinação incessante
Assim te defino
Exorcizo suas lembranças
Mas como um pêndulo
Teima em voltar
Dou um giro pelo tempo
Atravesso as cinco fases da Lua
Adormeço, me cubro com o véu de estrelas

Tentativas

Investidas em vão

Tomo à respiração e amanheço em mim
Pena que sou você
Assim,
A batida frenética da sua mão
Volta a reinar em meus pesadelos.

Flor do Sol

[procura]

O que vês ao olhar no espelho?
Vejo um rosto pálido
Sem luz
Sem brilho, nem cor
Vejo olhos fundos
Perdidos no vácuo
Um buraco delineado com as curvas do seu corpo

Olho no espelho
Sinto a chuva molhar meu interior
Busco braços
Anseio abraços
A chuva inunda meu rosto

Falta o ar
Falta o chão
Falta você
Falta a verdade
Falta um reflexo

Falta me ligares e dizer
: "Voltei."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desatar os nós é difícil
Como cortar os pulsos
E correr um longo caminho com final bifurcado
Que rumo escolher?
Aceitar a solidão,
Ou insistir na negação da negação?
Tanto faz
A corda já está no pescoço
Sinto o ar sufocar
Afogar a velha verdade
A vontade inventada
A verdade fingida
Permaneço estática
Com um sorriso de acessório
Que sempre cai
Como um girassol num dia nublado

Basta pensar em você

terça-feira, 2 de novembro de 2010

[à busca]

Cansei de fingir
Fingir que estou bem
Que sou forte
Que vou superar

Parei com os sorrisos
É tudo uma falácia!
Para que lábios reluzentes, se os olhos não tem alma?

Sorrisos... são pra quem pensa enganar a dor...

Levo dúvidas ao espelho
Me diz o que já sei

Meias verdades são meias mentiras

Delas já estou farta!
Já não me interessam...

Ao pisar firme, caio
Mergulho no vazio
Atraco-me à dor
Ela me devolva à ti
Mas não te encontro

Onde vais?
Por que não senta aqui?
Afaga meus cabelos
Sussurra: "Quero-te..."

Sinto-me tonta
A cabeça gira
Meu peito enche e a garganta trava
Eu solto...
...o choro desce...

Cadê você?
Por que não estás aqui?