quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Está chovendo!
Vejam que maravilha
E não são meus olhos
Chuva que lava a alma
Move pedras
Abre caminhos
E arrasta junto essa lembrança que assombra as noites
Molhos meus pés
Sinto o cheiro bom de chuva
Ai...
Vontade de sair correndo na rua
Brincar de chutar água
Voltar a ser criança
Chove chuva!
E mata essa sede de felicidade.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

[Tropeço]

A raiva amostrando-se nos olhos negros
Tropeça na dor
Caindo no esquecimento.

[P.A.]

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Há um lugar mágico
e estive lá
Um lugar onde o ar tem gosto de viver
Viver de amores pelo outro
Pelo novo que acabou de perceber
Abri-me à luz
Encontrei-me em sorrisos
Permiti-me à queda
Encontrei abrigo

Há um lugar único
Que tornou-me forte
Vi a lua afogada em tanto brilho
Que abraçou-me em forma de música
Aquele som que sonhei acordada
Fez-me flutuar
Perseguir meus medos
E curou-me a dor
Até esqueci o que queria esquecer

Deu-me paz
Dai-me mais

Há um lugar em que ser simples fez-me feliz
Fez-me eu

Há um lugar mágico
Que filtra sonhos

Ele existe

Estive lá.

[depois de hoje]

Decidi esquecer você
Rasgar suas fotos
Seus bilhetes
E aquele "Eu te amo" de anteontem

Quem poderia saber
Que todo aquele falsete
Era só imaginação, invenção e ilusão
Inclusive você

De tantos fins
Ei-lo aqui?
Diga-me, responda-me, afirme se sim

Teu rosto, agora, é peça desfigurada em minha memória
Um nada perdido no vazio
Como se todas as lembranças estivessem embaralhadas num quebra-cabeça em forma de interrogação

Pois é, já decici
Fecharei os olhos sempre que por mim cruzar
E se a noite insistir em te trazer
Acordarei o Sol
Pedirei-lhe auxílio
Pra esquecer você

Só não quero mais essa visão
Que queima a retina e machuca o peito
Parece que não passa, não diminui, nem ameniza

Não alimente o que não dá de volta
Não rias de mim
Não faça isso...

sábado, 23 de outubro de 2010

Doces amarguras a vida me traz
Boca seca de tanto esperar
Lábios ressecados
Corpo petrificado
Pensamento inútil que nada de novo translude
Que idiota!
Abre a boca que a verdade salta
Não espere, seus olhos são mudos
Mudos, surdos e cegos

Boca fala

Boca grita

Boca cospe

Escarra sangue no silêncio
E engole de volta cada vogal que passou pelo oco
Que idiota!
Quanta inércia... pois fique aí!
Fique aí de boca aberta
Mofando, morgando e metamorfoseando
Achando que és borboleta
Coitada... sonha em voar alto
Sonha!
Que idiota!
Levanta-te e segue sambando

De mãos dadas com o vazio

Levanta-se e segue sambando.
Santa Cruz levantada
Santa? Não sei...
Cruz? Bem pesada!
Tanto, que chega a ferir-me a alma
E não sara, não cessa
Dor firmante
Como um sino latente
Igual a dor de dente
Badala, badala, badala
Segue o ritmo, meu coração
Respiração curta
Pensamento sem fim
Insistente nos porquês
Cavando respostas, que são tão óbvias
Soluçar cada fracasso
Enterrar todas as lamúrias
E somente esperar que brotem sorrisos dessa terra tão seca.
Duas notas embriagadas
Abafam o som do meu coração
Duas notas invertidas
Uma delas Doída
A outra Solar.

Catorze de outubro

Sinto uma dor
não sei explicar

O corpo ausente
a carne trêmula
a língua dormente

Sinto uma dor
que o corpo não explica

A sensatez padece
a razão enlouquece
a tristeza enfurece
a cabeça repete, repete, repete...

Sinto uma dor
que meu ser não aceita

A adrenalina percorre as veias
de forma tão incessante
que meu coração estagna

Sinto uma dor
como um ponto latejante
piscando meio às entranhas
fingindo uma pulsação

Verdade
Minha pedra insiste em bater

Sinto uma dor
Dói...